Casa Brasileira 2

Casa para Semana

Os dois projetos que apresentamos para o Reserva Real tomam como ponto de partida a tradição arquitetônica moderna brasileira, buscando explorar as qualidades que a distinguiram e a tornaram reconhecida internacionalmente, como a relação harmoniosa com a paisagem natural e o clima, a interação entre os espaços interiores e exteriores, a clareza na concepção construtiva, a honestidade no uso dos materiais e a reinterpretação de elementos regionais. Ancoradas nessa tradição moderna, essas duas casas também propõem a investigação de organizações espaciais que promovam a integração entre interior e exterior e permitam apropriações mais livres por parte dos moradores. Cada qual com suas próprias particularidades, os projetos procuram reconhecer as condições topográficas do terreno e valer-se do aclive para descortinar as belas vistas da paisagem local. O uso dos terraços e coberturas como espaços de convivência e lazer busca recuperar a porção de terreno subtraída pela presença da própria construção. A opção pelos espaços de lazer na cobertura justifica-se ainda pela  insolação generosa e a vista desimpedida. Esta casa apropria-se da topografia ascendente do terreno e dispõe os espaços em desníveis sucessivos. As circulações e núcleos hidrossanitários ficam concentrados nas empenas laterais a fim de liberar o vão central para uma ocupação mais livre dos espaços. Estas duas estratégias permitem que a paisagem possa ser apreciada de qualquer ponto da casa. O programa da casa organiza-se de duas maneiras. Primeiramente faz-se uma distinção dos espaços de serviço, que ficam ligados ao solo, dos espaços de convívio, que flutuam acima do chão. Em seguida, os dormitórios foram dispostos nas duas extremidades da casa, de modo a tirar o maior proveito da vista e das condições mais favoráveis de ventilação e iluminação naturais. Já os espaços de sociabilidade e encontro foram localizados na porção central da edificação, abrindo-se duplamente para os jardins e áreas internas. As circulações entre ambientes estão dispostas nos limites do volume e privilegiam as rampas para os percursos verticais internos, condição favorecida pela articulação das lajes em meios níveis. A valorização desses percursos dá-se através das variações da posição do morador, alternando as vistas do interior e da paisagem natural. Plasticamente, fez-se opção por trabalhar um volume mais fechado em relação às divisas laterais e mais aberto em relação à frente e aos fundos do terreno, conciliando privacidade com abertura física e visual.