sesc ouro preto

Estudo conceitual para revitalização da Estalagem das Minas Gerais – SESC Ouro Preto.

O SESC Ouro Preto apresenta uma dupla potencialidade decorrente de sua localização. A primeira decorre do destino turístico a que serve, a mais importante cidade histórica do período colonial brasileiro, patrimônio da humanidade. A segunda consiste da sua localização específica, cuja profunda relação com a paisagem natural lhe permite oferecer aos hóspedes, outra experiência além daquela da cidade histórica, acrescentando uma segunda camada de usufruto do destino turístico que associa à cultura e ao tempo da ocupação humana de Ouro Preto a natureza e a paisagem das montanhas. Essa dupla experiência, que só é possível pela localização da unidade, é algo que distingue qualitativamente o SESC Ouro Preto de outros serviços de hospedagem da cidade. Por esta razão, o primeiro conceito estruturador a balizar toda a intervenção que aqui se propõe é a ênfase na valorização da paisagem como elemento protagonista do conjunto.

Considerando que a história e a cultura de um tempo passado não podem ser reproduzidos, mas preservados, defendemos que a defesa da originalidade deve ser um segundo conceito fundamental a orientar a proposta de intervenção. Original não no sentido do que é novo ou diferente, mas no sentido do que reconhece e valoriza as origens. Nesse sentido, reproduzir no Século XXI aspectos formais e estilísticos de uma arquitetura do passado reduz o valor daquela arquitetura, uma vez que dificulta a identificação das manifestações culturais e artísticas originais em relação às cópias, e por outro lado faz perder a oportunidade de oferecer uma interpretação contemporânea de um dado lugar, usando os melhores e mais adequados meios materiais, formais e tecnológicos para resolver os problemas contemporâneos e produzir a melhor condição de hospedagem para os usuários e a melhor, mais econômica, menos impactante ambientalmente e mais sustentável operação. As origens desse lugar especial onde se implanta o SESC Ouro Preto têm na sua geografia, na sua topografia, na sua vegetação e na sua paisagem natural, seus valores primordiais. A arquitetura que se interpõe a essa paisagem deve, para ser digna e coerente com o valor do lugar, ser discreta, transparente, com o menor impacto na modificação da paisagem, e deve valorizar a experiência da própria paisagem. Esses conceitos são a base do que se apresenta no projeto.

Consolidando e complementando o exposto, alguns princípios gerais que orientaram a elaboração dos projetos foram:

● fazer o máximo com o mínimo de meios, buscando aproveitar ao máximo as estruturas pré-existentes, modernizando-as para qualificar e ampliar sua vida futura;

● integrar e padronizar as soluções arquitetônicas, tipos construtivos, materiais e equipamentos, a fim de racionalizar, simplificar e reduzir custos operacionais e de manutenção;

● multiplicar e qualificar a experiência de visitantes, tanto das áreas de hospitalidade como de eventos, contribuindo para transformar a Unidade em um importante destino no contexto turístico da região;

● racionalizar e integrar espaços e atividades afins, reduzindo a demanda por deslocamentos tanto de hóspedes como da equipe de operação, de modo a otimizar o tempo da equipe e igualmente reduzir custos e, da parte dos visitantes, qualificar a experiência tanto nos espaços de permanência como nos deslocamentos;

● adequar integralmente as edificações de uso coletivo quanto à acessibilidade universal, tanto na previsão de Unidades de Hospedagem acessíveis como nos espaços comuns, e ainda na integração entre as partes que constituem o núcleo principal do complexo, considerando, entre as partes mais distantes, a utilização de carro elétrico como suporte à mobilidade;

● prever todos os recursos possíveis para redução do consumo de energia e de água na construção e no uso, a fim de ampliar a sustentabilidade da operação em termos ambientais, econômicos e, por consequência, sociais;

● reutilizar, reaproveitar, reciclar e por consequência reduzir o impacto ambiental – inevitável – da geração de resíduos. Para tanto, estruturas e materiais retirados na renovação dos espaços são reutilizados de distintos modos: fundações de edificações demolidas e madeiras estruturais dos telhado são reaproveitadas; peças e caibros dos telhados se convertem na novas vedações vazadas; madeiras retiradas de forros e lambris se reciclam para mobiliário; pisos e revestimentos de paredes em quartzito devem ser removidos cuidadosamente para serem serrados em tiras e reciclados no revestimento empilhado das unidades de hospedagem da mata; telhas e demais materiais cerâmicos devem ser triturados e transformados em brita para paisagismo; aço da remoção de guarda-corpos e outros elementos de proteção metálicos devem ser vendidos para reciclagem. Além disso, a destinação de parte do rejeito de construção resultante da intervenção poderá ser destinado – mediante estudo mais aprofundado – no próprio local, no enchimento de baldrames fundos de deck;

● padronização de materiais e especificações mínimas para os elementos considerados estruturantes da solução arquitetônica, como revestimento das empenas, telhados, paleta de cores, caixilharias, guarda-corpos, sanitários, entre outros.