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COMO IMAGINAMOS O CAMPUS WPP SÃO PAULO

Sabemos que o principal objetivo do Campus WPP São Paulo é inaugurar uma nova e qualificada ocupação da Vila Leopoldina, com vistas a caracterizar um novo centro de inovação e criatividade na cidade. Para isso, acreditamos que deve ser pensado como um destino na cidade: um edifício icônico, de imagem forte e inserção urbana qualificada, com amplas áreas verdes, públicas e abertas, respondendo aos mais rigorosos requisitos ambientais, construtivos e de uso para propiciar uma experiência inspiradora para todos os seus habitantes – permanentes ou temporários.

O que apresentamos aqui é um ponto de partida para alimentar o diálogo com o cliente, de modo a permitir que as soluções finais, especialmente da construção da imagem e da ambiência dos espaços, possam ser cuidadosamente elaboradas a partir das expectativas da WPP para este novo destino e das suas experiências nos diversos campi ao redor do mundo.

Inserção urbana: redesenhando a imagem da Vila Leopoldina

A inserção urbana do edifício busca reforçar sua singularidade através de um volume a um só tempo simples e de desenho sofisticado, reforçando sua presença na paisagem urbana como símbolo que inaugura o processo de transformação da região. O destacamento da edificação em relação aos vizinhos, que se faz através da criação de uma rua interna para acesso de veículos e pedestres, além de reduzir impactos na circulação viária, permite tratar todas as fachadas de modo contínuo e integrado, caracterizando o edifício como ícone e preservando sua autonomia em relação à futura transformação do entorno. O volume principal, elevado, potencializa os elementos de atenuação solar para caracterizar a imagem de um edifício de grande força expressiva, através de placas translúcidas que circundam todo o edifício, diluindo a usual diferenciação entre fachadas de frente e de fundos.

A estratégica localização do acesso principal voltada para a rua interna contribui para a valorização das áreas de comércio e evita o conflito com a estrutura urbana e com outros usos do entorno. Permite ainda organizar como conforto e segurança os distintos fluxos e acessos: acesso principal de público ao lobby; carga e descarga; serviços, entregas e administração do edifício; ciclistas; estacionamento. O destacamento do corpo edificado principal favorece ainda o acesso de pedestres ao longo de toda a frente urbana e permite a circulação abrigada e segura de pedestres ao longo de toda a extensão de comércio e serviços ao nível térreo – fachada ativa – que aproveita das áreas externas como extensão das lojas para criar recintos qualificados de permanência.

A legislação vigente define a cota de implantação do pavimento térreo até o limite de altura de 1 metro acima da cota média da via. Entretanto, considerando a localização do terreno em área alagável, recomendamos, quando da aprovação legal do projeto, elevar a cota do nível térreo a partir da previsão legal no artigo Art 61 da Lei No 16.402, de 22 de março de 2016, que disciplina o parcelamento, uso e ocupação do solo.

Experimentando o edifício: qualidade ambiental e variedade espacial

A organização espacial proposta parte da interpretação criativa da planta típica dos edifícios corporativos, que concentram um núcleo de circulação e infraestruturas envolvido pelas áreas de trabalho, acrescentando-lhe duas características que diluem sua rigidez e ampliam as possibilidades de uso e transformação dos espaços, multiplicando as experiências dos usuários:

1 – a inclusão, no centro do núcleo de infraestruturas, do estacionamento, que se verticaliza em conjunto com as áreas de trabalho, gerando uma relação de continuidade com os pavimentos que permite considerar, ao longo da vida útil do edifício e com a perspectiva de redução do uso de automóveis, a transformação de parte das áreas de garagem em espaços complementares às áreas de trabalho com grande simplicidade. A incorporação dos estacionamentos no centro do núcleo de infraestruturas evita ainda a indesejável caracterização de um volume anexo aos modos de um edifício-garagem, o que resulta em economia ao reduzir a demanda por acabamentos de fachadas e ao compartilhar as circulações verticais com as áreas de trabalho, devidamente segregadas por portas corta-fogo;

2 – o destacamento do núcleo de infraestruturas e circulação em relação às áreas de trabalho, através da inclusão de um jardim interior – o cânion – o que duplica as aberturas das áreas de trabalho, usualmente voltadas apenas para a face exterior do volume. A inclusão de uma nova paisagem interna ao edifício introduz um caráter urbano à experiência dos usuários, permitindo alternar espaços climatizados – áreas de trabalho – e não climatizados – passarelas e circulações perimetrais no núcleo. Oferece vistas cruzadas entre os espaços de trabalho e destes com a passarela avarandada de circulação e com as escadas abertas que conformam atalhos entre os pavimentos, reduzindo a demanda pelo uso de elevadores e ampliando a integração entre os grupos.

Dada a grande área do pavimento, evitou-se a concentração da circulação vertical em um único núcleo, dividindo o fluxo em quatro torres de elevadores, o que permite, já na recepção do edifício, orientar com clareza e tranquilidade o público em relação aos diversos destinos no interior do campus. Permite ainda que diferentes empresas do grupo coexistam em um mesmo pavimento, com independência funcional e proximidade física, ampliando a sinergia entre os distintos grupos de colaboradores, que têm a convivência e o encontro estimulados pelo compartilhamento dos espaços do núcleo central. O acesso às quatro torres de circulação vertical se dá ao nível térreo através de percurso avarandado contíguo ao jardim interior, em um passeio qualificado que evita o caráter excessivamente formal das circulações fechadas dos edifícios corporativos típicos. Esse percurso é ainda animado pela integração visual das lojas para o jardim, aos modos de vitrines internas que conformam um pano de fundo diversificado, trazendo a vida urbana para o interior.

Ao nível térreo, sob o estacionamento, uma estrutura para convenções oferece espaço suficiente para um auditório para 400 pessoas e quatro salas multiuso flexíveis para mais de 200 pessoas e foyer próprio, com acesso direto desde o lobby, compartilhando os sanitários de uso público. Sua localização é estratégica para permitir o compartilhamento entre empresas do grupo, outros locatários e público externo. A organização espacial desse conjunto pode ter múltiplas disposições, conforme o caráter que se pretende para o espaço, desde um auditório acusticamente isolado – demanda mais rigorosa sob o ponto de vista técnico -, a organizações mais flexíveis e abertas, aos modos de arquibancadas e salas flexíveis de piso plano. A variedade de alturas internas neste ambiente – de 5,80 a 9,00 metros – favorece o estudo futuro de múltiplas disposições espaciais, mais afinadas com a expectativa e com as demandas de uso da WPP.

Das quatro torres de elevadores, três têm acesso controlado ao nível térreo e uma, a cada pavimento, de modo a permitir a segregação de fluxos com controle independente para estacionamentos e rooftop, permitindo a realização de eventos sem prejuízo da segurança das áreas de trabalho. Dimensionados para 13 passageiros cada, os quatro elevadores do núcleo de acesso a estacionamentos atendem com conforto a lotação máxima do rooftop de 900 pessoas, permitindo seu funcionamento independente.

Nos pavimentos tipo, cada um dos quatro setores contará com um vazio interno, equivalente a um módulo estrutural, totalizando quatro grandes vazios por pavimento. Esses vazios, dispostos em diferentes posições a cada pavimento, geram espaços de dupla altura que introduzem variedade na experiência das áreas de trabalho e permitem gerar integrações não usuais entre as equipes de trabalho de distintos andares.

Construção: industrialização, racionalização e flexibilidade

A estrutura do edifício foi concebida em anéis sucessivos, sendo nas áreas de trabalho predominantemente perimetrais, de modo a liberar o pavimento corrido para múltiplas ocupações. A adoção de lajes em concreto protendido permite reduzir a altura total da edificação, viabilizando alturas piso a piso de 3,50 metros nos pavimentos-tipo e de 6 metros no térreo. Equaciona ainda com economia a proteção contra incêndio, evitando onerosos custos de proteção – como por exemplo a pintura intumescente nas estruturas metálicas. O uso de lajes planas reduz tempo e custo das formas, e libera totalmente o plenum do entreforro para instalações.

Elementos leves de construção industrializada são considerados em todas as partições e na envoltória da edificação, pensada como uma grande caixa de luz. A translucidez da envoltória permite conciliar a redução de ganho térmico com o máximo de luz natural, que é reforçada pela abertura para o jardim interior, evitando a criação de espaços confinados quando da eventual compartimentação de setores de trabalho.

Sistemas prediais: eficiência ambiental e economia

Os sistemas de instalações partem do núcleo para as bordas. Elétrica e lógica ocupam salas técnicas junto aos elevadores, e se distribuem a partir dos quatro setores definidos pelas passarelas de conexão com o núcleo, tanto pelo entreforro como pelo piso elevado. Sobre a cobertura do núcleo central, prevê-se a instalação de placas solares para aquecimento de água e de painéis fotovoltaicos para geração de energia de modo a fazer face aos requisitos de sustentabilidade através do incremento do desempenho ambiental quanto à economia de energia.

Os sistemas hidrossanitários têm sua distribuição concentrada em shafts junto aos sanitários de uso coletivo, e ramais secundários são previstos no entreforro, gerando um anel de alimentação de água junto à fachada exterior para viabilizar a implementação eventual de sanitários privativos. O esgoto, neste caso, será conduzido junto aos pilares perimetrais até o solo.

Os reservatórios de água potável, de águas pluviais para reuso e de retardo de águas pluviais se localizam no pavimento térreo, junto às áreas técnicas de apoio – oficina/manutenção predial. Na cobertura, reserva de incêndio e águas potável e de reuso para alimentação dos vasos sanitários terão dimensionamento mínimo, reduzindo a sobrecarga na estrutura.

Os sistemas de climatização prevêm a concentração das unidades condensadoras na cobertura do núcleo de infraestruturas, com dimensionamento generoso. A tubulação de interligação com as unidades evaporadoras atravessará o vazio central sobre a cobertura da última passarela em quatro pontos, descendo em toda a extensão da fachada interior em armários-shafts que abrigarão unidades evaporadoras setorizadas e de funcionamento independente, o que implicará em economia no uso e manutenção simplificada. O insuflamento poderá se realizar por dutos no entreforro ou pelo entrepiso, utilizando o plenum do piso elevado – Sistema UFAD (underfloor air distribuition) -, o que reduz significativamente o custo com dutos, com difusores automatizados acoplados ao piso.

Exaustões de sanitários e estacionamentos são significativamente simplificados com a organização centralizada do núcleo, viabilizando a implementação de shafts contínuos com exaustão no ático, que concentra equipamentos.

Prevenção e combate a incêndio

A classificação da edificação na regulamentação de prevenção e combate a incêndio do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de São Paulo define as seguintes exigências para a edificação de altura medianamente alta:

1 – Acesso de viaturas, para o que a via interna apresenta a largura exigida de 6 metros;

2 – Segurança estrutural contra incêndio, a ser atendida pelo dimensionamento da estrutura em concreto armado, cuja proteção é a mais econômica quando comparada ao outros tipos de estruturas;

3 – Compartimentação horizontal do pavimento: a classificação de edificação medianamente alta exige a compartimentação do pavimento tipo em setores de no máximo 800 m2 com parede e porta corta fogo com tempo de resistência a fogo de no mínimo 90 minutos. Entretanto, a nota 2 da tabela 6D do decreto 63.911, de 10 de dezembro de 2018 permite a substituição da compartimentação pelo uso de chuveiros automáticos e de detecção de incêndio;

4 – Compartimentação vertical entre pavimentos, que se equaciona através dos terraços abertos com largura entre 90cm e 110cm nas fachadas internas e nos trechos envidraçados nas fachadas externas; e, nos trechos translúcidos das fachadas externas, altura de compartimentação de 1,20m entre pavimentos, definidos pela soma de peitoril, espessura de laje e piso elevado, e verga que arremata os forros internos;

5 – Controle de materiais de acabamento, o que orientará a adoção de materiais de baixa combustibilidade;

6 – Escadas do tipo protegida – escada com porta corta fogo, com distâncias de fuga de até 75 metros quando associadas ao uso de chuveiros automáticos e detecção de fumaça. As quatro escadas protegidas disponibilizam 12 unidades de passagem, permitindo uma população total de 900 pessoas por pavimento, o que totaliza 5.400 pessoas nos pavimentos-tipo, e até 900 pessoas no rooftop;

7 – Brigada de incêndio, iluminação de emergência, detecção de incêndio, alarme de incêndio, sinalização de emergência, extintores, hidrantes e mangotinhos.

Os sistemas de prevenção e combate a incêndio seguirão o mesmo caminhamento dos sistemas de climatização para alimentação de hidrantes e chuveiros automáticos.