Praça dos Trabalhadores | 1º Lugar

“[O] essencial na arquitetura não é o grafismo que marca, mas a ambiência que anima o espaço, que lhe dá alma (…)”

Edgar Albuquerque Graeff

Nosso projeto para a praça dos Trabalhadores toma como princípios básicos os seguintes aspectos:

1. A valorização do vazio, a partir do entendimento da vocação da área como um grande parque urbano, que incorpore usos diversificados, potencializando sua apropriação pelos diversos agentes que compõem a cidade;

2. A reproposição das possibilidades de ocupação e uso do solo, de modo a viabilizar a estratégia denominada Operação Urbana, já prevista na legislação de Uso do Solo do Município. Através desse instrumento, propomos a permuta da área anexa à praça que é uma propriedade privada em troca da construção e exploração de um complexo de torres para escritórios e/ou hotéis e conjunto comercial ao nível térreo. Esse conjunto verticalizado permitiria um maior aproveitamento do solo, criando um foco de movimento que contribui para a vitalidade do espaço urbano,  alimentando o lugar com usos e acontecimentos diversos. Ainda evita, com a sua localização deslocada do eixo da perspectiva da Avenida Goiás, a competição com a verticalidade da torre do edifício da Estação, preservando sua escala e monumentalidade como elemento final da perspectiva da Avenida;

3. A integração das três áreas físicas diferenciadas em um grande parque, desviando a conexão entre os dois trechos da Avenida Goiás, que atualmente corta a área ao meio,  para a margem oeste do terreno;

4. A integração de sistemas diversificados de transporte coletivo  o metrô subterrâneo norte-sul, o metrô aéreo leste oeste sobre o leito desativado da linha férrea, o sistema de ônibus urbanos e o transporte rodoviário  em seus respectivos equipamentos que se interrelacionam através de um grande espaço comercial, a Incubadora de Comércios e Serviços, a tirar proveito do grande fluxo de pedestres gerado pelos equipamentos de transporte coletivo para localizar o comércio ambulante;

5. A requalificação do edifício da antiga Estação Ferroviária, conferindo-lhe um uso cultural e associando-lhe um complexo de cinemas e alimentação que cria um foco de interesse para quem circula pela Goiás, e que se estende transversalmente em direção ao complexo de torres e lojas a leste;

6. A definição, através do paisagismo, de espaços adequados para a feira, com arborização generosa que contribua para ambientar o comércio informal que ali se desenvolve tradicionalmente, e a previsão de equipamentos de apoio  lanchonetes, sanitários, posto médico  que atendem cotidianamente também aos ambulantes da Incubadora.

SOBRE O REDESENHO DO TRECHO EM QUESTÃO

O PARQUE A proposta de redesenho busca visualizar e potencializar características existentes no conjunto, enfatizando a presença do edifício da Estação como um dos pólos de atração de público. Associados a ele, foram propostos alguns edifícios complementares de uso público relacionados ao transporte coletivo  estações de metrô, estação de transbordo de ônibus urbano, Incubadora/elemento intermodal e outros com destinação ao comércio e serviços, a serem empreendidos e explorados pela iniciativa privada. Entre os elementos construídos, grandes áreas verdes garantem a necessária permeabilidade do solo, e configuram de modo efetivo o parque, cuja arborização de médio porte qualifica o espaço para a feira. Uma ciclovia permite a circulação livre de ciclistas, e se integra à avenida Goiás,  configurando um grande percurso na cidade, com possibilidade de ligação até o Bosque dos Buritis, passando pela Praça Cívica. Interligando a estação e a parte leste do terreno, ocupada pelas edificações destinadas à iniciativa privada, um grande boulevard transversal à Avenida Goiás continua o percurso itinerante de lazer que a avenida Goiás pode configurar. Ao longo desse boulevard se localizam diversos equipamentos de descanso, lazer, ginástica e recreação infantil, a ocupar áreas sombreadas por árvores de grande porte, definindo microclimas, bastante adequados ao clima quente da cidade, que potencializam a sociabilização e o uso do espaço urbano. Ao final de sua perspectiva, prevê-se a relocação do Monumento às Três Raças, atualmente implantado no centro da praça Cívica. Sua transferência para a praça dos Trabalhadores se justifica por duas razões: a primeira, por obstruir a visada principal que o eixo da Goiás proporciona do Palácio das Esmeraldas, na Praça Cívica; a segunda, por considerarmos que o valor simbólico do monumento, que representa a união das três raças em um objetivo comum de construção, se relaciona mais fortemente com a importância dos trabalhadores para a construção da cidade. A estratégia geral de redesenho da área da Praça dos Trabalhadores se fundamenta na busca da integração dos seus diversos fragmentos em um grande parque, diferenciando os diversos territórios através da implantação desses dois grandes percursos que estruturam o todo: o boulevard Leste-Oeste, de lazer, comércio e entretenimento, e o percurso intermodal da Incubadora, Norte-Sul, de articulação entre os diversos meios de transporte. Essa demarcação em cruz para a organização do espaço do parque remete à organização das cidades romanas, cujos eixos urbanos Cardo (Norte-Sul) e Decumanus (Leste-Oeste) conferem legibilidade ao traçado geral da cidade, e aceitam as diversas variações locais que se sobrepõem ao seu princípio ordenador geral. Essa sobreposição de princípios de organização nos permite diferenciar os diversos territórios a fim de qualificá-los para os usos mais comuns, e ao mesmo tempo garantem uma certa abertura a abrigar usos diversos que confiram ao conjunto maior vitalidade e multiplicidade de usos e usuários.

SOBRE OS EQUIPAMENTOS URBANOS PROPOSTOS

Diversos equipamentos urbanos complementam o parque, definindo focos de movimento de pedestres que asseguram a vitalidade do espaço urbano. Com esse objetivo, foram criados os seguintes espaços públicos:

1. Complexo de lazer, abrigando seis salas de cinema e uma praça de alimentação com cafés e restaurantes, articulados com o edifício existente da antiga Estação Ferroviária, a ser convertido em um espaço para atividades culturais  exposições, pequenos eventos e apresentações, seminários e cursos. Esse anexo, semi-enterrado, evita a competição com o volume predominante do edifício da Estação e sua torre, que marca a verticalidade do conjunto. Sua cobertura configura uma extensão aberta das áreas de exposição do Centro Cultural, e é gramada para se integrar visualmente ao conjunto do parque.

2. Complexo de comércio e serviços, a ser construído e explorado pela iniciativa privada, que associa um centro de comércio aberto ao nível térreo e mezanino  open mall  a quatro torres de 30 pavimentos de escritórios que desenham o skyline de Goiânia, marcando a paisagem urbana na medida em que se contrapõem à horizontalidade dominante do parque e dos demais elementos construídos, existentes e propostos. Esse conjunto define um centro ativo da vida econômica da cidade, caracterizando como uma Rua 24 Horas o grande boulevard para pedestres e ciclistas que percorre frontalmente todo o parque, conectando o conjunto com a antiga Estação e o complexo de lazer acima citado. Contribuindo para a caracterização desse espaço de funcionamento 24 horas, propõe-se o incentivo à reciclagem de usos dos imóveis situados na quadra adjacente, que delimita lateralmente parte do boulevard.

3. Estação de transbordo para o sistema de ônibus urbano, entre a rodoviária e o complexo das torres, permite a interrelação de até 70 diferentes linhas de ônibus, articulando o sistema tronco-alimentador de modo a minimizar o impacto do transporte coletivo sobre o setor central como um todo. Sua localização neste complexo é privilegiada, primeiramente, pelo seu fácil acesso proporcionado pela avenida independência; em segundo lugar, pela possibilidade de integração dos diversos sistemas de transporte  metrô norte-sul, e metrô leste-oeste, além do Terminal Rodoviário. 4. Estações de metrô, para as linhas norte-sul, proposta pelo Governo Estadual,  e leste-oeste, a ser implantada no leito remanescente da linha de trem. Para esta última, propõe-se a utilização de sistema aéreo que no trecho do parque mergulha para o subsolo e define a estação final subterrânea.

SOBRE O MECANISMO DE OPERAÇÃO URBANA: TORRES E  CENTRO COMERCIAL E DE LAZER PARA EXPLORAÇÃO PRIVADA

A fim de promover a transformação da propriedade privada localizada atrás da estação ferroviária em espaço público, evitando com isso a sua ocupação com qualquer tipo de edificação que se constitua em fundo para a figura da estação, comprometendo seu caráter de monumento, como aconteceu com o Palácio das Esmeraldas, tratamos este espaço como um parque arborizado que abrigará a grande feira. Como os mecanismos de desapropriação são extremamente onerosos para o poder público, propomos a utilização do mecanismo denominado Operação Urbana, que, em comum acordo com os proprietários do terreno, transfere todo o seu potencial construtivo para outro trecho da área, que será regido por diretrizes especiais, permitindo um maior aproveitamento do solo pela verticalização das torres, ao mesmo tempo em que preserva o nível do térreo para o uso público. É importante ressaltar a importância desse mecanismo: por um lado, permite a realização de uma iniciativa urbana de porte sem onerar o poder público; por outro lado, por promover legislações especiais de uso e ocupação do solo para o trecho específico a ser concedido à exploração da iniciativa privada, permite uma maior exploração do terreno, com possibilidade de verticalização única na cidade, que a um só tempo torna o empreendimento atrativo para a iniciativa privada, como cria um marco referencial para esse espaço urbano devido à singularidade da intervenção.

SOBRE AS MODIFICAÇÕES NA ESTRUTURA VIÁRIA E OS ESTACIONAMENTOS

A estrutura viária, além de permitir o movimento das pessoas no tecido urbano, pode reforçar ou minimizar as características do traçado da cidade, enfatizando eixos, perspectivas e demarcando lugares. Buscando repropor a estrutura viária incluindo essa considerações que vão além da sua mera funcionalidade, o desenho de trânsito apresentado busca recuperar a importância do nó que marca o encontro da Goiás com Independência, enfatizando ainda a presença do importante ponto focal que é a Estação. Para isso, separamos o intenso trânsito de automóveis da Independência, rebaixando-o em uma passagem de nível que configura também um dos acessos ao estacionamento subterrâneo sob a praça frontal à estação. Por sobre a passagem, uma grande praça circular articula as conexões entre as avenidas, e evita conflitos entre pedestres e o trânsito intenso da Independência. A opção pelo grande anel de circulação recupera na praça dos Trabalhadores a estratégia de organização viária que caracteriza o traçado da cidade, que utiliza o elemento radiocêntrico da praça como articulador dos diversos fluxos viários provenientes de diversas direções. Uma das principais influências que Attílio Corrêa Lima absorve do urbanismo neoclássico é a organização em asterisco, presente em Versailles, Karlsruhe e Washington. A recuperação deste princípio, associando-o à proposição moderna que busca a liberação do solo e sua destinação ao uso público se complementa com a busca por uma independência entre automóvel e pedestre, privilegiando o segundo e ampliando as possibilidades de democratização do uso do espaço urbano. Ainda outra premissa orientou o redesenho urbano da praça dos Trabalhadores: a busca constante de uma multiplicidade e variedade de usos, a assegurar a vitalidade que a ocupação permanente e em horários alternados e diversos pode propiciar. Outro aspecto relevante de modificação do traçado viário é a conexão entre a Avenida Goiás e sua continuação a norte. A opção pela definição do traçado a oeste se deve a diversas razões: primeiro, por permitir um uso mais integrado do parque, evitando as rupturas e descontinuidades que o traçado atual provoca, reintegrando a estação a todo o terreno; segundo, por possibilitar a implantação do percurso intermodal que articula todos os diferentes meios de transporte, apartado do trânsito pesado; por último, por permitir um acesso contínuo de pedestres e de ciclistas entre a avenida Goiás e o terreno, assegurando uma continuidade de percurso até a rodoviária. Para os acessos da Rodoviária, foram preservados os fluxos existentes. Para a estação de transbordo de ônibus urbano, propõe-se a utilização de vias adjacentes de menor trânsito a fim de minimizar os conflitos entre os acessos de ônibus e o forte trânsito da avenida Independência. Sua implantação rebaixada no terreno permite a articulação viária em dois níveis, diferenciando as áreas de desembarque e embarque, novamente privilegiando os percursos de pedestres. É importante ressaltar, contudo, que, devido ao intenso fluxo gerado, a implantação de equipamento urbano desse porte necessariamente exigirá estudo cuidadoso de impacto ambiental e urbano na circunvizinhança imediata. Para acesso aos equipamentos previstos para a área  incubadora, áreas de carga e descarga, cinemas e torres  foram previstas vias de trânsito local internas ao terreno que articulam os diversos equipamentos, permitindo acessos mais imediatos, e ainda demarcam o território da antiga estação, reforçando sua centralidade com um anel circular que a contorna e dá acesso ao complexo de lazer que o edifício configura. Em relação aos estacionamentos, diversas alternativas e modalidades de funcionamento foram propostas. A primeira define um espaço subterrâneo sob o anexo da Estação, atendendo de modo mais imediato aos usuários da feira, do cinema e do Centro de Cultura, com 178 vagas. Outras duas alternativas de estacionamentos atendem ao restante do complexo: o pátio existente do Terminal Rodoviário, já arborizado, e outro grande estacionamento por sob as torres, com 1620 vagas, que atende a um só tempo aos usuários dos espaços comerciais e de serviços propostos, aos moradores do Bairro Popular e também às feiras e outras atividades. Todos os espaços de estacionamento podem ter sua exploração concedida à iniciativa privada. O estacionamento por sob as torres deve ainda ter um número de vagas destinada a seus usuários, e apresenta conexão direta com o mall e com os edifícios de escritório.

SOBRE A INTEGRAÇÃO DOS DIVERSOS SISTEMAS DE TRANSPORTE

A ESTAÇÃO INTERMODAL Um dos principais elementos estruturadores do grande espaço que define a praça dos Trabalhadores, garantindo a vitalidade e o movimento do espaço urbano, é o percurso que a um só tempo abriga a Incubadora de Comércio e Serviços e articula as trocas intermodais entre os diversos equipamentos e sistemas de transporte que se encontram ali. Aproveitando a itinerância gerada pelas baldeações entre os sistemas, uma grande cobertura linear com infra-estrutura básica de apoio abriga o comércio ambulante, associando espaços para cursos e formação, que caracteriza a Incubadora de Comércios e Serviços. Podendo ser coordenada pelo poder público municipal, e administrada por associações privadas e não-governamentais, como a Câmara de Dirigentes Lojistas e a Associação Centro Vivo de Goiânia, a incubadora tem por objetivo a inserção do ambulante no comércio formal, dando-lhe formação e suporte necessários para seu estabelecimento definitivo em outro local, e apoiando-o na transição entre a rua e a vida formal nessa estrutura de permanência temporária para os ambulantes. A implantação da incubadora nesse local se justifica por duas razões: em primeiro lugar, a solução cria uma continuidade desejada de pedestres entre equipamentos públicos complementares e que devem ser necessariamente interligados, apartada do tráfego pesado automotivo. Em segundo lugar, o grande fluxo de pedestres garante o interesse de localização dos ambulantes. Além disso, a Incubadora reforça a importância da praça como lugar de comércio, e fornece apoio e infra-estrutura à tradicional feira que ali se desenvolve nos fins de semana.

SOBRE O PAISAGISMO E A FEIRA

O paisagismo proposto para a praça dos Trabalhadores parte dos seguintes princípios:

1. O entendimento das características climáticas da região, que exigem a configuração de microclimas em áreas de sombra, a permitir o necessário conforto que propicia a apropriação humana do espaço urbano;

2. O plantio de árvores típicas do cerrado brasileiro com florações em diversas épocas do ano, a definir variações cromáticas permanentes que garantem uma heterogeneidade e uma variação constantes, enriquecendo a percepção do espaço urbano; outro importante aspecto é a boa adaptabilidade ao clima da região, e a possibilidade de recuperação da importância da flora local, enfatizando a relevância de Goiás como celeiro de espécies de vegetação que alimenta todo o território nacional. Essa opção paisagística define ainda um contraponto com o paisagismo original das principais vias do setor central; Nesse sentido, selecionamos as seguintes espécies, que apresentam florações complementares: – Ipê Branco  Tabebuia roseo-alba – Quaresmeira  Tibouchina sp. – Ipê do Cerrado  Caesalpinea peltophoroides – Pata de Vaca  Bauhinia forficata – Sibipiruna As palmeiras indicadas para a área da Praça dos Trabalhadores são exemplares da seguinte espécie: – Licuri ou Gerivá  Syagrus romanzoffiana As mudas devem ter no mínimo 2,00 metros, plantadas com manilha para rebaixar influência de raíz, e protetor metálico.

3. A utilização de pisos permeáveis por sob o bosque arborizado, alternando saibro  tijolo moído -, resíduo de pedra de Pirenópolis com assentamento em escama e grama, a permitir a necessária drenagem e ao mesmo tempo contribuir para a setorização dos espaços para a feira pelas diferenças de cores dos diversos pisos;

4. A caracterização, através da arborização, dos dois principais espaços de permanência de público ao ar livre citados acima, e sua diferenciação em relação às esplanadas gramadas que conferem maior monumentalidade aos edifícios, especialmente à Estação Ferroviária, e também às torres e complexo comercial;

5. A diferenciação de lugares e percursos com paisagismo de porte arbustivo e forrações coloridas, que recuperam ali a importância do paisagismo ornamental de cores e desenhos variados, tradicionalmente implantado nas principais praças da cidade.

SOBRE A GESTÃO E VIABILIDADE DAS PROPOSTAS

Algumas estratégias de gestão permitem a viabilização das propostas apresentadas nesse projeto, a saber:

1. Para viabilizar algumas das intervenções edificadas na paisagem urbana, como o estacionamento subterrâneo em frente à Estação e a própria restauração e construção do anexo ao edifício da Estação, propõe-se a utilização do instrumento de concessão do direito de uso do espaço público à iniciativa privada, autorizando a construção  do equipamento conforme as normas e o projeto executivo aprovado pelo Poder Público. O imóvel resultante do investimento será propriedade da Prefeitura, que permite ao concessionário sua exploração por um período a ser negociado conforme a relação custo de implantação x retorno do investimento imobilizado. Após o período de concessão, o direito de exploração retorna à Prefeitura, que pode renegociar nova concessão.

2. Para as estações de transporte  a de ônibus urbano e as de metrô – será necessário buscar recursos de financiamento para infra-estrutura, sendo desejável a parceria com o Governo Estadual, em virtude da possibilidade de integração de ambas as iniciativas do Metrô: as linhas norte-sul e leste-oeste. Uma outra estratégia para viabilização desses equipamentos é a concessão de sua exploração à iniciativa privada, ou ainda a concessão dos espaços publicitários nesses equipamentos, que, devido ao alto fluxo de transeuntes, têm grande potencial de exploração, o que pode ser revertido em financiamento antecipado para sua construção pela iniciativa privada.

3. Para a viabilização da área de parque, com arborização para a feira, será necessário, como já apresentado, utilizar o mecanismo “Operação Urbana”, incentivando a construção na área específica definida pelo projeto das torres, permitindo maior potencial construtivo do que o terreno a ser permutado.

4. Por último, a requalificação urbana das calçadas, pavimentações, paisagismo e equipamentos urbanos da praça e do parque proposto deve ser realizada em parceria com grandes empresas goianas, que, firmando contrato de adoção dos espaços públicos da cidade, promoverão a reforma e a posterior manutenção dos trechos da avenida adotados, garantindo sua limpeza e conservação. Em contrapartida, as empresas terão espaços para divulgação publicitária desse gesto de gentileza para a cidade e ainda poderão fazer uso de Leis de Incentivo à Cultura em todos os âmbitos – municipal, estadual e federal -, na medida em que estabeleçam um projeto de implementação e gestão das feiras e das atividades culturais que terão lugar nessas áreas.

CONCLUSÃO

O projeto para a Praça dos Trabalhadores busca recuperar a importância do vazio urbano, repropondo sua destinação e implementando usos diversificados e heterogêneos, a buscar sempre a vitalidade deste amplo espaço urbano. Nesse sentido, a implementação dos diversos equipamentos é fundamental para assegurar a multiplicidade e a variedade de usos e acontecimentos que tornarão o espaço urbano habitado, seguro e atrativo para o cidadão. Embora o projeto busque uma unidade do espaço urbano, as três diferentes áreas solicitadas no termo de referência do concurso podem ser visualizadas: a primeira, dos equipamentos de transporte diversos e sua interrelação em um espaço intermodal, reforça a importância dos espaços abertos, abriga o espaço para o comércio e a formação de ambulantes, e assegura a necessária vertebração dos espaços edificados, promovendo a itinerância ao longo da praça; a segunda, das torres e “open mall”, concentra as atividades de comércio e lazer, associadas ao boulevard que promove a conexão com a estação e abriga áreas de repouso, zonas verdes e atividades de ócio ao ar livre; a terceira, da estação, da sua praça gramada frontal e do parque arborizado que abriga a feira, abriga equipamentos de lazer e cultura, marca o limite do centro fundacional e reforça a polarização da avenida Goiás com foco no edifício da antiga Estação Ferroviária. Assim fizemos este trabalho, com o intuito explícito de apresentar idéias provocativas para a cidade que, além de propiciarem uma melhoria na qualidade de vida de seus habitantes, faça com que cada cidadão reflita sobre a importância do lugar público e o valor da cidade como o espaço onde a vida acontece, espaço de lutas e conflitos, mas também de respeito, trocas e encontros entre os diversos sistemas e grupos que produzem, fruem e usufruem a nossa cidade.